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segunda-feira, 17 de novembro de 2014

ICMA (International Christian Maritime Association) anuncia novo Secretário Geral

The Rev Richard Kilgour 

No decorrer da Assembleia Geral Anual do Comité Executivo, em Copenhaga, no passado dia 20 de Novembro, o ICMA elegeu e anunciou o seu novo Secretário Geral, o Reverendo Richard Kilgour,  presentemente Reitor da Catedral do Episcopado de Aberdeen, Escócia. O padre Kilgour começará o seu mandato em Janeiro de 2015.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

O desenvolvimento humano entre Bergoglio, Ratzinger e Aristóteles

Falando na inauguração do Global Gateway da Universidade de Notre Dame, o cardeal Parolin faz uma reflexão sobre a doutrina social da Igreja


A palavra "desenvolvimento" é a chave para o entendimento da doutrina social da Igreja e "os problemas mais profundos para o desenvolvimento humano integral podem ser encontrados em uma visão distorcida do homem e da actividade económica, que ameaça a dignidade da pessoa humana".
Assim se expressou no sábado passado o Secretário de Estado Vaticano, monsenhor Pietro Parolin, durante a conferência Dignidade Humana e Desenvolvimento Humano, no contexto da inauguração da Global Gateway na Universidade de Notre Dame.
O cardeal tomou como ponto de partida a Evangelii Gaudium do Papa Francisco, depois citando depois Bento XVI e até Aristóteles.
Em sua exortação apostólica, Bergoglio recorda a oposição da Igreja "para uma economia da exclusão e da iniquidade". O Santo Padre denuncia a existência de "grandes massas populacionais” que “se vêem excluídas e marginalizadas: sem emprego, sem perspectivas, sem saída". É uma consequência do que ele mesmo chama de "globalização da indiferença".
Não é objetivo da Evangelii Gaudium apoiar um sistema eEconómicoem detrimento de outra: a exortação apostólica tem "um propósito muito mais profundo e de longo alcance, que é o de mover as consciências para promover uma renovada atenção ao homem, que não pode ser reduzido a um agente do mercado, a meio de produção ou consumidor, ou a ambos", disse Parolin.
Reavaliando a dignidade do ser humano, só pode ser determinada também uma “reformulação dos fundamentos do pensamento eEconómico, bem como a chave para entender a relação adequada entre o "desenvolvimento humano e a dignidade humana."
Tanto Francisco quanto Bento XVI (na Caritas in Veritate) insistem na "gratuitidade" como "componente indispensável para a construção e a coesão da vida social”. Se o homem é reduzido a mero “agente e económico acaba se “descartando a verdadeira identidade social de cada um”, portanto, descartar aqueles que não são “úteis materialmente”.
Esta é uma "visão materialista do homem e da sociedade", que é "resultado de um certo pensamento fechado à transcendência, desenvolvido, cada vez mais fortemente, ao longo dos últimos três séculos, com efeitos importantes sobre o pensamento e económico"
Enquanto isso o Papa Francisco, em consonância com a doutrina social da Igreja, que por sua vez baseia-se em Aristóteles, considera a economia na categoria de "técnicas científicas e práticas" que deve ser subordinada “à política e à moral” e que deve ser colocada sob a orientação das "virtudes da justiça e da prudência", a cultura dominante a considera uma "ciência fenomenológica, similar às ciências físico-matemáticas", com o o objectivo principal da "maximização da utilização dos recursos".
O próprio Aristóteles identificava uma "tentação multissecular que leva a “converter todas as faculdades humanas e todas as actividades em meios de produzir dinheiro”. Uma tendência que o Papa Francisco confirma e encontra confirmação na tendência actual de aceitar "pacificamente" a predominância do dinheiro "sobre nós e nas nossas sociedades” (EG 55).
Se queremos que o serviço da economia seja eficaz para o homem “não pode faltar uma visão integral do homem e da sociedade, nem um confronto constante com a realidade com a qual se deseja operar. Só então a ciência e económicapode ser fiel à sua essência de ciência prática e moral”, disse o cardeal Parolin.
Caso contrário, a economia torna-se um "instrumento da ditadura do relativismo e do apriorismo", como já entendido por Bento XVI, quando, na Caritas in Veritate, destacou o perigo de uma "tecnocracia erradicada por uma compreensão transcendente da natureza humana".
Para orientar toda a actividade económica para o "desenvolvimento humano integral", portanto, deve haver uma "conversão da mente e do coração", substituindo a "fé Prometeica no mercado ou em outras ideologias e visões apriorísticas alternativas  contrárias, pela fé em Deus e por uma visão transcendente do homem, Filho de Deus ", concluiu o secretário de Estado. 

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Papa pede abolição da pena de morte e melhoria das condições carcerárias

Cidade do Vaticano (RV) - Cristãos e homens de boa vontade "são chamados hoje a lutar não somente pela abolição da pena de morte", em "todas as suas formas", mas também pela melhoria das "condições carcerárias".



Essa é uma das passagens centrais do discurso do Papa Francisco nesta quinta-feira, no Vaticano, a um grupo de juristas da Associação Internacional de Direito Penal. A voz do Papa elevou-se também contra o fenômeno do tráfico de pessoas e a corrupção. Toda aplicação da pena, afirmou, deve ser feita de modo gradual, sempre inspirada no respeito à dignidade humana.
A prisão perpétua é uma "pena de morte dissimulada", por isso fiz com que ela fosse eliminada do Código Penal Vaticano. A afirmação espontânea (fora do texto), feita pelo Papa Francisco, se insere num intenso, minucioso e atento exame sobre como os Estados tendem hoje a fazer respeitar a justiça e a impor as penas.
O Papa falou com a sua habitual clareza e franqueza e não poupou críticas aos nossos tempos em que, afirmou, a política e a mídia muitas vezes incitam "à violência e à vingança pública e privada", sempre em busca de um bode expiatório.
A passagem sobre a pena de morte foi bastante veemente. O Pontífice recordou que "São João Paulo II condenou a pena de morte", como também faz o Catecismo, e criticou não somente o recurso à pena capital, mas desmascarou, num certo sentido, também o recurso às "chamadas execuções extrajudiciais ou extralegais", chamando-as "homicídios deliberados", cometidos por agentes oficiais sob o pára-vento do Estado:
"Todos os cristãos e homens de boa vontade são, portanto, chamados hoje a lutar não somente pela abolição da pena de morte, legal ou ilegal que seja, e em todas as suas formas, mas também pela melhoria das condições carcerárias, no respeito à dignidade humana das pessoas privadas da liberdade. E uno isso também à prisão perpétua. No Vaticano, pouco tempo atrás, no Código Penal do Vaticano, não há mais a prisão perpétua. Ela é uma pena de morte dissimulada."
O olhar e a piedade de Francisco são evidentes em toda a sua explanação, tanto sobre as formas de criminalidade que atentam à dignidade humana, quanto sobre o sistema punitivo legal que por vezes – o disse sem rodeios – na sua aplicação não é legal, porque não respeita aquela dignidade.
"Nas últimas décadas – ressaltou no início o Santo Padre – difundiu-se a convicção de que através da pena pública podem ser resolvidos os mais variados problemas sociais, como se para as diferentes enfermidades fosse recomendado o mesmo medicamento."
Isso fez de modo que o sistema penal ultrapassasse seus confins – aqueles sancionadores – para estender-se ao "terreno das liberdades e dos direitos das pessoas", mas sem uma eficácia realmente constatável:
"Há o risco de não conservar nem mesmo a proporcionalidade das penas, que historicamente reflete a escala de valores tutelados pelo Estado. Enfraqueceu-se a concepção do direito penal como ultima ratio, como último recurso à sanção, limitado aos fatos mais graves contra os interesses individuais e coletivos mais dignos de proteção. Enfraqueceu-se também o debate sobre a substituição do cárcere com outras sanções penais alternativas.
O Papa Francisco definiu, por exemplo, o recurso à prisão preventiva uma "forma contemporânea de pena ilícita oculta", selada por um "verniz de legalidade", no momento em que produz a um detento não-condenado uma "antecipação da pena" de forma abusiva. Disso – observou – deriva quer o risco de multiplicar a quantidade dos "reclusos sem julgamento", ou seja, "condenados sem que sejam respeitadas as regras do processo" – e em alguns países são 50% do total –, quer, num efeito dominó, o drama das condições de vida nos cárceres:
"As deploráveis condições de detenção que se verificam em várias partes do planeta constituem muitas vezes um autêntico traço desumano e degradante, muitas vezes produto das deficiências do sistema penal, outras vezes, da carência de infra-estruturas e de planejamento, enquanto em muitos casos são nada mais que o resultado do exercício arbitrário e impiedoso do poder sobre pessoas privadas da liberdade."
O Papa Francisco foi além, quando, falando de "medidas e penas cruéis, desumanas e degradantes", comparou a detenção praticada nos cárceres de segurança máxima a uma "forma de tortura". O isolamento destes lugares, ressaltou, causa sofrimentos "psíquicos e físicos" que resultam por incrementar "sensivelmente a tendência ao suicídio". Hoje em dia – foi a desoladora constatação do Papa – as torturas não são praticadas somente como meio para obter "a confissão ou a delação"...
"...mas constituem um autêntico plus de dor que se acrescenta aos males próprios da detenção. Desse modo, se tortura não somente em centros clandestinos de detenção ou em modernos campos de concentração, mas também nos cárceres, institutos para menores, hospitais psiquiátricos, comissariados e outros centros e instituições de detenção e pena."
As crianças, sobretudo, devem ser poupadas da dureza do cárcere, bem como – se não totalmente, ao menos de forma limitada – anciãos, doentes, mulheres grávidas, portadores de deficiência, inclusive "mães e pais que – ressaltou – sejam os únicos responsáveis por menores ou portadores de deficiência".
O Pontífice deteve-se com algumas considerações sobre um fenômeno por ele sempre combatido: o tráfico de pessoas, disse, é filho daquela "pobreza absoluta" que aflige "um bilhão de pessoas" e obriga ao menos 45 milhões de seres humanos à fuga por causa de conflitos em andamento.
Dito isso, de forma premente, o Papa Francisco observou:
"A partir do momento em que não é possível cometer um delito tão complexo como o tráfico de pessoas sem a cumplicidade, com ação ou omissão, dos Estados, é evidente que, quando os esforços para prevenir e combater este fenômeno não são suficientes, deparamo-nos novamente diante de um crime contra a humanidade. Mais ainda, se ocorre que quem é preposto a proteger as pessoas e assegurar a sua liberdade, ao invés, se torna cúmplice daqueles que praticam o comércio de seres humanos, então, em tais casos, os Estados são responsáveis diante de seus cidadãos e diante da comunidade internacional."
A parte dedicada à corrupção é ampla e analisada com meticulosidade. Segundo o Papa, o corrupto é uma pessoa que através de "atalhos do oportunismo" chega a crer-se "um vencedor" que insulta e, se pode, persegue com total "despudor" quem o contradiz. "A corrupção – afirmou o Santo Padre – é um mal maior que o pecado" que "mais que perdoado", "deve ser curado":
"A sanção penal é seletiva. É como uma rede que captura somente os peixes pequenos, enquanto deixa os grandes livres no mar. As formas de corrupção que precisam ser perseguidas com (a) maior severidade são as que causam graves danos sociais, seja em matéria econômica e social – como, por exemplo, graves fraudes contra a administração pública ou o exercício desleal da administração –, seja em qualquer espécie de obstáculo interposto ao funcionamento da justiça com a intenção de obter a impunidade para os malfeitos próprios ou de terceiros."
Por fim, o Papa Francisco exortou os penalistas a usarem o critério da "cautela" na aplicação da pena". Esse, asseverou, "deve ser o princípio que rege os sistemas penais":
"O respeito à dignidade humana deve constituir não somente um limite à arbitrariedade aos excessos dos agentes do Estado, mas um critério de orientação para a perseguição e repressão daquelas condutas que representam os mais graves ataques à dignidade e integridade da pessoa humana." (RL)

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Sínodo da família, dia 6: pastoral para as famílias

O cardeal Erdö apresenta a relatio post disceptationem, que sintetiza a participação dos 180 membros do sínodo na primeira semana de trabalho


Fazer opções pastorais valentes: os 180 cardeais, bispos, auditores e especialistas do sínodo extraordinário sobre a família estão de acordo com este ponto. E a "relatio post disceptationem", lida nesta segunda-feira pelo cardeal Peter Erdö, relator geral, reafirma a fidelidade da Igreja ao evangelho, mas sem que falte uma atenção particular às fragilidades familiares.
Ao chegar a esta fase, o sínodo se concentra na misericórdia e na urgência atual de novos caminhos pastorais, porque as dificuldades das famílias "têm sido mais 'sofridas' do que escolhidas em plena liberdade".
O debate ainda está em processo: a relatio é uma síntese das discussões das congregações gerais na primeira semana do encontro. O cardeal Erdö deu a entender que, para as decisões mais concretas, é necessário esperar até o dia 19 de Outubro depois das discussões dos “circuli minores”, ou círculos menores, que começaram na sexta-feira à tarde e continuarão durante toda esta semana. Portanto, não se pode esperar um retumbante "sim" ou "não" à possibilidade de acesso aos sacramentos para pessoas em situações anómalas, como a dos divorciados recasados.
“Não é sábio pensar em soluções únicas ou inspiradas na lógica do tudo ou nada”, disse Erdö. Sobre este assunto, existem duas linhas: “Alguns argumentaram a favor da disciplina atual, em virtude do seu fundamento teológico; outros se expressaram em prol de uma abertura maior às condições particulares, às situações que não podem ser desfeitas sem que se determinem novas injustiças e sofrimentos”.
A “novidade” é uma proposta, feita por alguns, de que "o eventual acesso aos sacramentos seja precedido de um caminho penitencial, sob a responsabilidade do bispo diocesano, e com um compromisso claro em favor dos filhos". Para Erdö, seria uma possibilidade não generalizada, fruto de um discernimento caso a caso, feito gradualmente, distinguindo-se entre o estado de pecado, o estado de graça e as circunstâncias atenuantes.
Os critérios dos padres sinodais para trabalhar estas questões delicadas são três: escuta, olhar fixo em Cristo e discernimento "à luz do Senhor Jesus". A Igreja, "casa paterna" e "tocha em meio às pessoas", tem o trabalho de acompanhar com paciência, delicadeza, atenção e cuidado os seus filhos mais frágeis, "marcados pelo amor ferido e perdido".
Reconhece-se assim a necessidade de "uma palavra de esperança e de sentido" para estas pessoas, acolhendo-as com a sua existência concreta, sabendo-se "sustentar a busca, alentar o desejo de Deus e a vontade de fazer parte da Igreja plenamente, inclusive por parte de quem experimentou o fracasso ou está nas situações mais desesperadas".
Nesta linha, pede-se um discernimento espiritual "sobre as convivências, os casamentos civis e os divorciados recasados", porque "compete à Igreja reconhecer estas ‘sementes do Verbo’ dispersas para além dos seus confins visíveis e sacramentais".
"A Igreja se volta com respeito àqueles que participam da sua vida de modo incompleto e imperfeito, apreciando mais os valores positivos que eles guardam do que os seus limites e faltas".
Além de "curar as feridas" dos divorciados recasados, a Igreja é chamada também a acolher as pessoas homossexuais que "têm dons e qualidades para oferecer à comunidade cristã". A questão homossexual "nos interpela a uma reflexão séria sobre como elaborar caminhos realistas de crescimento afetivo e de maturidade humana e evangélica, integrando a dimensão sexual". Não fica nenhuma dúvida no ar quanto ao fato de que "as uniões entre pessoas do mesmo sexo não podem ser equiparadas ao matrimónio entre um homem e uma mulher". Também "não é aceitável que se queiram exercer pressões sobre a atitude dos pastores ou que organismos internacionais condicionem ajudas financeiras à adoção de normas inspiradas pela ideologia de género". A Igreja, afirma a relatio, presta atenção especial às crianças que vivem com casais do mesmo sexo, reiterando que, em primeiro lugar, devem estar sempre as exigências e os direitos dos pequenos.
E pensando sempre nos pequenos, os padres sinodais invocam no documento o "respeito e amor" por cada família ferida, em especial por quem sofreu injustamente o abandono do cônjuge, evitando "atitudes discriminatórias" para com as crianças. "É indispensável encarar de maneira leal e construtiva as consequências da separação e do divórcio; os filhos não podem se tornar 'objetos' de briga; devem-se buscar as melhores formas para que eles possam superar o trauma da divisão familiar e crescer do modo mais sereno possível".
Os participantes do sínodo enfatizam a necessidade de uma "preparação adequada para o matrimónio cristão", que não é só "uma tradição cultural ou uma exigência social", mas "uma decisão vocacional". Não deve haver uma "complicação" dos ciclos de formação, mas um "aprofundamento", indo-se além de orientações gerais. Neste sentido, deve-se renovar também "a formação dos presbíteros" através de um envolvimento maior das famílias, "privilegiando o seu testemunho". Do mesmo modo, os casais devem ser acompanhados mesmo depois da celebração do matrimónio: um período "vital e delicado", cheio de alegrias, mas também de desafios que a Igreja deve ajudar os cônjuges a enfrentar.
Abordou-se também a simplificação dos procedimentos de reconhecimento da nulidade matrimonial. Entre as propostas, foram apontadas a superação da necessidade da dupla sentença de conformidade, a possibilidade de se determinar uma via administrativa sob a responsabilidade do bispo diocesano e um processo sumário a se realizar nos casos de nulidade notória. Também foi proposta a possibilidade de se dar relevância à fé dos noivos na avaliação da validade ou não do sacramento do matrimónio. Deve-se destacar que, em todos os casos, a questão é estabelecer a verdade sobre a validade do vínculo. Também se pede o aumento da responsabilidade do bispo diocesano, que, na sua diocese, poderia nomear um sacerdote devidamente preparado para aconselhar gratuitamente as partes sobre a validade do matrimónio.
Quanto aos leigos, o sínodo incentiva o seu compromisso no âmbito cultural e sócio-político para que fatores externos não obstaculizem a "autêntica vida familiar, determinando discriminações, pobreza, exclusões e violência". Não por acaso, o tema escolhido pelo papa para o próximo sínodo ordinário, de 4 a 25 de Outubro de 2015, é "a vocação e a missão da família na Igreja no mundo contemporâneo". O tema foi anunciado nesta segunda-feira pelo cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário geral do sínodo, na abertura dos trabalhos e em presença do papa Francisco.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

O primeiro que compreendeu como o mundo estava a mudar

Há cem anos, no dia 3 de Setembro de 1914, era eleito o Papa Bento XV
 
Se o conclave de 1903 foi cheio de tensão por causa do veto austríaco, o de 1914 foi até agitado devido a um evento ainda mais dramático: a guerra. Com efeito, os cardeais entraram em clausura no dia 31 de Agosto, exactamente um mês depois do início do conflito. Eis quanto escreve Gianpaolo Romanato sublinhando que se tratava de eleger o novo Papa quando em todas as frentes da Europa já corriam rios de sangue.

Os grandes eleitores foram 57 em relação aos 65 que tinha direito. Oito não estavam presentes, ou por causa da distância ou pelas condições de saúde. O equilíbrio, mais uma vez, foi garantido pelos 31 purpurados italianos, que contudo não constituíam a maioria. A Itália tinha-se declarado neutral e, portanto, a eleição de um italiano parecia a menos comprometedora, mas diversos nomes (Domenico Ferrata e Antonio Agliardi, sobretudo) tiveram que ser descartados devido ao serviço diplomático precedentemente prestado nas capitais naquele momento em guerra. Podiam ter amadurecido simpatias, contraído dívidas, estabelecido vínculos. Por conseguinte, a lista de nomes reduziu-se e na pequena chalupa dos nomes dos sobreviventes (o beneditino Domenico Serafini, o cardeal Vigário Basilio Pompilj, Pietro Maffi de Pisa) sobressaiu a candidatura do arcebispo de Bolonha, o cardeal Giacomo Della Chiesa. Tinha sessenta anos, uma longa experiência diplomática (mas amadurecida na Espanha, longe dos territórios em guerra) e também na Cúria. Desde há sete anos residia em Bolonha, facto que tinha contribuído para completar o seu curriculum, enriquecendo-o com um amplo alcance pastoral.
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segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Paz para a Ucrânia

No Ângelus o apelo do Papa Francisco no dia em que se celebra a festa nacional




O Papa volta a invocar «paz e serenidade» para a Ucrânia, onde o persistir de «uma situação de tensão e conflito» provoca «tanto sofrimento entre a população civil». 
No Ângelus de domingo 24 de Agosto, dia em que o país celebra o aniversário da independência, o Pontífice dirigiu o seu pensamento àquela «amada terra» e convidou os fiéis na praça de São Pedro a recitar uma Ave Maria à «Rainha da paz», rezando em particular «pelas vítimas, pelas famílias e por quantos sofrem».
Anteriormente, referindo-se ao trecho evangélico da liturgia dominical que narra a profissão de fé de Pedro, o bispo de Roma tinha recordado que no desígnio de Jesus a Igreja é «um povo fundado já não na descendência, mas na fé». Desta comunidade «a pedra fundamental é Cristo»; por seu lado, «Pedro é pedra, enquanto fundamento visível da unidade». Mas, esclareceu Francisco, «cada baptizado está chamado a oferecer a Jesus a própria fé, pobre mas sincera, para que ele possa continuar a construir a sua Igreja».
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segunda-feira, 28 de julho de 2014

Papa: o continente digital é lugar de encontro entre pessoas com desafios reais

Mensagem do Santo Padre para o IV Congresso Nacional da Pastoral das Comunicações Sociais no Brasil


"É necessário que, no mundo digital, o anúncio do Evangelho seja acompanhado pela oferta de um encontro pessoal com Cristo, um encontro real e transformador". São palavras do Santo Padre Francisco na mensagem – assinada pelo cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin - enviada aos participantes do IV Congresso Nacional da Pastoral das Comunicações Sociais (Pascom) no Brasil. O congresso, que começou ontem, 24, no santuário mariano de Aparecida, traz o tema “Comunicação, desafios e oportunidades para evangelizar na era da cultura digital” e está ligado ao segundo seminário nacional de jovens comunicadores.
 
Citando a homilia da Missa do dia 27 de julho de 2013 na Catedral do Rio de Janeiro, Francisco afirma que "não devemos ficar fechados na paróquia, nas nossas comunidades, nas nossas instituições paroquiais e na nossa instituição diocesana, quando tantas pessoas esperam o Evangelho! Sair enviados, não é somente abrir a porta para que venham, para acolher, mas sair da porta para buscar e encontrar”.
 
Por outro lado, o Santo Padre indica que "nenhum caminho pode, nem deve, ser limitado a quem, em nome de Cristo ressuscitado, se compromete a ser cada vez mais solidário com o homem; com o Evangelho em mãos e no coração, é preciso reafirmar que é tempo de continuar a preparar caminhos que levem à Palavra de Deus, não descuidando de dirigir uma atenção especial àqueles que ainda vivem na fase da busca”.
 
Portanto, diz o Papa, uma pastoral no mundo digital "está chamada a ter em conta aqueles que não acreditam, caíram no desespero e cultivam no coração o desejo absoluto e de verdade não efêmeros, dado que os novos meios permitem entrar em contato com seguidores de todas as religiões, com não-crentes e pessoas de todas as culturas”.
 
Se para o Papa os canais digitais são um campo fundamental na nova "saída missionária”, quem trabalha no setor dos meios, particularmente na pastoral da comunicação, “é encorajado a participar, com confiança e com criatividade consciente e responsável, da rede de relações que a era digital tornou possível”.
 
Aos comunicadores brasileiros, em particular, o Papa dá algumas pistas: garantir "a aprendizagem da linguagem particular deste ‘areópago’ e reconhecendo a “primazia da pessoa", sem nunca esquecer que o "continente digital, ao invés de ser uma mera realidade tecnologica, é essencialmente todo um local de encontro entre homens e mulheres cujas aspirações e desafios não são virtuais, mas reais e precisam de uma resposta concreta".
 
O objetivo de ambos encontros, que terminam no domingo, 27, é “a busca de novos caminhos para formar e motivar os agentes da pastoral das comunicações no Brasil”. Participam do evento bispos, sacerdotes, religiosos e leigos comprometidos no setor.
 
O Congresso conta com a participação de especialistas em comunicação como o jesuíta Antonio Spadaro, diretor da Civiltà Cattolica; Leticia Soberón, membro do grupo de peritos criado recentemente para estudar a organização dos meios de comunicação do Vaticano, e Cristiane Monteiro, da Rede de Informática da Igreja na América Latina (RIIAL), entre outros especialistas. (Trad.T.S.)

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Integração e solidariedade no Mediterrâneo

Numa mensagem do Pontífice assinada pelo cardeal secretário de Estado




«Um compromisso renovado na construção de uma convivência mais justa e fraterna» entre os povos do Mediterrâneo foi pedido pelo Papa Francisco, numa mensagem assinada pelo cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado. A ocasião foi a primeira edição, em Trapani (Itália), da manifestação «Fly for peace». Na esteira do espírito franciscano de Assis, a iniciativa visa levar ao centro do interesse nacional e internacional a urgência da paz, da cooperação e do diálogo entre culturas e religiões nas diversas realidades do mar Mediterrâneo, valorizando em particular a vocação da Sicília no processo de integração e solidariedade entre os povos, como é testemunhado também pelas trágicas vicissitudes ligadas aos desembarques de milhares de imigrantes nas costas da região.
 
O Pontífice fez votos a fim de que a manifestação «contribua para favorecer a tomada de consciência dos valores universais da paz e da solidariedade» e convidou a privilegiar sobretudo «o diálogo como forma de encontro, para evitar a globalização da indiferença, que nos faz acostumar lentamente ao sofrimento do outro». Enfim, o bispo de Roma confiou os frutos de «Fly for peace» - que recorre à colaboração da patrulha acrobática das «Frecce tricolori» da Aeronáutica militar italiana – à intercessão de Maria «a fim de que as populações da Sicília e do Mediterrâneo sejam repletas de prosperidade e esperança».
 
A mensagem pontifícia foi lida durante a missa presidida, domingo 20 de Julho, pelo bispo de Trapani, D. Pietro Maria Fragnelli, e transmitida em directo na manhã de domingo pela Rai Uno.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

A riqueza dos povos consiste no respeito pelo outro

Inaugurando os trabalhos na Cidade do México o cardeal secretário de Estado faz votos por uma profunda mudança cultural e de mentalidade



É a verdadeira emergência que predomina no campo das migrações: o aumento exponencial de crianças que atravessam as fronteiras dos Estados sem acompanhantes adultos. Um fenómeno que representa um desafio a enfrentar com urgência, disse o cardeal secretário de Estado Pietro Parolin, a 14 de Julho, na Cidade do México, introduzindo os trabalhos do «Diálogo México-Santa Sé sobre mobilidade humana e desenvolvimento». O que preocupa sobretudo são os números publicados recentemente nos Estados Unidos relativos ao movimento de menores nas fronteiras com o México e outros países da América Central. Portanto, é absolutamente necessário «que se superem desconfianças antigas – disse o purpurado a este propósito – e se planifiquem finalmente estratégias comuns a nível sub-regional, regional e mundial que incluam todos os sectores da sociedade». O objectivo é a protecção e o acolhimento destas crianças, quer procurem fugir «da pobreza e da violência», quer atravessem as fronteiras «com a esperança de se unir aos seus familiares que já estão do outro lado», frisou o cardeal. De facto, o grande risco que correm é de acabar vítimas «de qualquer abuso ou desgraça».
 
Diante desta situação compreende-se como é urgente mudar mentalidade e tomar medidas adequadas. «Creio – disse – que no nosso mundo globalizado um aumento do intercâmbio comercial e financeiro entre as nações não inclui, de maneira automática, um melhoramento no nível de vida das populações, nem gera automaticamente maiores riquezas. Ao contrário, observamos que as nações, sobretudo as mais avançadas sob o ponto de vista económico e social, devem o próprio desenvolvimento em grande parte exactamente aos migrantes».

quarta-feira, 16 de julho de 2014

16 de Julho: dia de Nossa Senhora do Carmo

 
A palavra Carmelo significa "jardim", quando abreviada se diz "Carmo". O Monte Carmelo fica ao norte de Israel, situado na região da antiga Palestina, próximo a atual cidade de Haifa. Neste cenário bíblico, no século IX antes de Cristo, viveu numa gruta o solitário profeta Elias, em espírito de penitência. Defensor da fé de um só Deus verdadeiro, ele profetizou a futura existência da mulher pura, a Virgem Maria, Mãe de Deus.

Desde então, o Carmelo se tornou local de retiro espiritual de muitos eremitas, que buscavam viver o modelo de perfeição monástica alcançada pelo profeta. No final do primeiro século depois de Cristo, chegaram pioneiros eremitas cristãos, que ao lado da fonte de Elias construíram uma capela em honra à Virgem Maria.

Em 1209, o superior da comunidade, Santo Brocardo recebeu a Regra de Santo Alberto, constituindo a Ordem da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, reconhecida pela Santa Sé, em 1226.

A partir de 1237 os carmelitas foram quase expulsos do Monte Carmelo, pois a Palestina vivia sob pressão cada vez maior dos muçulmanos, que acabaram por invadi-la. Eles se estabeleceram em Chipre e Sicília, na Inglaterra e França. Viviam pobres como os franciscanos e dominicanos, da Ordem dos Mendicantes, a qual não quiseram aderir. Surgiram então as rivalidades e a Ordem do Carmo começou a sofrer perseguições externas, as quais provocaram a desunião interna.

A solução foi enviar à Roma dois representantes carmelitas para conseguir o apoio do Papa. Eles apresentaram a antiga Regra de Santo Alberto adaptada aos novos tempos da Igreja, mantendo o carisma original e obtiveram sua aprovação.

A Ordem do Carmo atravessou essa fase difícil até meados de 1251, quando tudo se estabilizou. Nessa época, na Inglaterra, no Carmelo de Cambridge residia o Superior Geral, o já idoso Simão Stock, hoje Santo venerado na Igreja. Ele rezava com ardor à Santa Mãe, rogando com confiança por seu auxílio, para a Ordem criada em sua honra.

No dia 16 de julho de 1251, teve uma visão da Virgem Maria sentada numa nuvem cercada de anjos, confirmando sua proteção celeste. Como símbolo de sua união aos carmelitas, entregou o Escapulário do Carmo, prometendo a salvação e vida eterna à todos que o usassem com fé em Jesus Cristo.

A história dos carmelitas está repleta da presença da Virgem Maria. Devoção que espalharam ainda mais pelo mundo, graças a instituição do Escapulário de Nossa Senhora do Carmo, cujo símbolo de fé se difundiu por toda a cristandade.

Oração a Nossa Senhora do Carmo

Senhora do Carmo, protegei-nos de todos os perigos e dai-nos a graça de termos uma boa morte. Que sob o vosso olhar e sob a vossa proteção possamos obter a misericórdia de Deus todos os dias de nossa vida. Fazei crescer em nossos corações o amor, especialmente pelos que mais precisam de nossa atenção e carinho. Amém!

Particularmente a internet pode oferecer maiores possibilidades de encontro e de solidariedade entre todos.

Pequeno Trecho da Mensagem do Papa para a 48º Jornada Mundial das Comunicações Sociais

 
O Santo Padre, em 24 de Janeiro, enviou uma mensagem por ocasião da 48º Jornada Mundial das Comunicações Sociais, da qual transcrevemos abaixo um trecho, a fim de reforçar a nossa campanha de presentear os nossos seguidores com um belo blogue.
 
“Neste mundo, os mass media podem ajudar a sentir-nos mais próximos uns dos outros; a fazer-nos perceber um renovado sentido de unidade da família humana, que impele à solidariedade e a um compromisso sério para uma vida mais digna.
 
Uma boa comunicação ajuda-nos a estar mais perto e a conhecer-nos melhor entre nós, a ser mais unidos.
 
Os muros que nos dividem só podem ser superados, se estivermos prontos a ouvir e a aprender uns dos outros.
 
Precisamos de harmonizar as diferenças por meio de formas de diálogo, que nos permitam crescer na compreensão e no respeito.
 
A cultura do encontro requer que estejamos dispostos não só a dar, mas também a receber de outros.
 
Os mass media podem ajudar-nos nisso, especialmente nos nossos dias em que as redes da comunicação humana atingiram progressos sem precedentes. Particularmente a internet pode oferecer maiores possibilidades de encontro e de solidariedade entre todos; e isto é uma coisa boa, é um dom de Deus.”

segunda-feira, 14 de julho de 2014

O turismo como ferramenta para a evangelização

Em preparação da Jornada Mundial do Turismo, o Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes enfatiza os programas inovadores de muitas dioceses e congregações neste segmento

 
 
Às vésperas da Jornada Mundial do Turismo, agendada para 27 de setembro com o tema “Turismo e Desenvolvimento Comunitário”, a Santa Sé pretende “acompanhar este fenómeno a partir do âmbito que lhe é próprio, particularmente no contexto da evangelização”.
 
Com estas palavras começa a mensagem divulgada pelo Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, assinada pelo cardeal Antonio Maria Vegliò e por mons. Joseph Kalathiparambil, respectivamente presidente e secretário da congregação vaticana.
 
Animada pelos princípios do "desenvolvimento humano integral" e do "desenvolvimento comunitário", a Igreja católica considera que o turismo pode contribuir "para um progresso equilibrado, sustentável e respeitoso de três áreas: econômica, social e ambiental, englobando nesta última esfera tanto o ecológico quanto o cultural", diz a mensagem.
 
Tendo em vista as estatísticas mais recentes, "o setor de turismo se destaca como uma das opções mais viáveis ​​e sustentáveis ​​para reduzir o nível de pobreza das áreas menos desenvolvidas" e como "uma ferramenta de valor inestimável para o progresso, a geração de empregos, o desenvolvimento da infraestrutura e o crescimento econômico".
 
Além disso, o turismo é apresentado como "um dos setores com maior capacidade de gerar emprego criativo e diversificado, do qual, com mais facilidade, podem beneficiar-se os grupos mais desfavorecidos, que incluem mulheres, jovens e minorias étnicas".
 
Os benefícios do turismo devem atingir "todos os setores da sociedade" e ter "impacto direto nas famílias e nos recursos humanos locais".
 
Não menos essencial é que, "a fim de se obterem esses benefícios, sejam seguidos critérios éticos que respeitem as pessoas em primeiro lugar, tanto em nível comunitário quanto individual", evitando uma "concepção puramente econômica da sociedade".
 
O desenvolvimento do turismo deve garantir que "o personagem principal seja a comunidade local, que deve torná-lo próprio com a presença ativa de parceiros sociais, institucionais e cívicos". Não é questão, portanto, de trabalhar "para" a comunidade, mas "com" a comunidade, elemento de destaque na atividade turística e que é mais importante do que a "bela paisagem" e a "infraestrutura confortável".
 
O encontro entre turistas e população local deverá sempre ser "respeitoso" e enriquecido pelo "diálogo frutífero, que incentive a tolerância e a compreensão mútua".
 
"Os cristãos do lugar devem ser capazes de mostrar a sua arte, tradições, história, valores morais e espirituais e, acima de tudo, a fé, que é a fonte de tudo isso e o que lhe dá sentido".
 
Na mensagem, o cardeal Vegliò e mons. Kalathiparambil destacam que, "em muitas partes do mundo, a Igreja reconheceu o potencial da indústria do turismo e tem lançado projetos simples, mas eficazes", entre os quais o "turismo solidário ou de voluntariado", que permite que muitas pessoas dediquem o tempo de férias "a trabalhar em projetos de cooperação nos países em desenvolvimento".
 
Os altos representantes da Pontifícia Congregação para os Migrantes também citam os "programas de turismo sustentável ​​e solidário promovido pelas conferências episcopais, dioceses e congregações religiosas em áreas desfavorecidas", além de mencionar as "paróquias das áreas turísticas que recepcionam os visitantes oferecendo propostas litúrgicas, formativas e culturais" e que contribuem para "uma pastoral da amabilidade".
 
Todas essas experiências "nasceram do esforço, do entusiasmo e da criatividade de sacerdotes, religiosos e leigos que querem colaborar desta forma no desenvolvimento sócio-econômico, cultural e espiritual da comunidade local, além de ajudá-la a olhar com esperança para o futuro", encerra a mensagem.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Apresentado ao Papa Francisco o "App do Papa", aplicativo que reúne recursos de média do Vaticano

Na sua segunda versão, o aplicativo é mais acessível do que na primeira, descarregada por cerca de 400 mil usuários



O "App do Papa", um aplicativo para smartphones e tablets que reúne recursos de média do Vaticano, foi apresentado ontem ao Santo Padre pelo presidente do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, Dom Claudio Maria Celli. 
 
O aplicativo está na sua segunda versão e mantém as funções da primeira, mas é mais acessível, leve e fácil de usar. A edição anterior foi baixada por mais de 400 mil usuários.
 
 

Entre as novas funcionalidades, o usuário pode escolher alguns textos para guardar como "favoritos" e compartilhar com outras pessoas. 
 
"É um aplicativo que facilita a transmissão das palavras do Papa aos homens e mulheres de hoje. O Papa pode assim ficar mais perto deles com as suas mensagens, ações, meditações", disse Dom Celli em entrevista à Rádio Vaticano. 
 
"E nós acreditamos que este é um momento especial, porque homens e mulheres que estavam longe da Igreja, e até mesmo membros de outras religiões, encontraram um amigo no papa Francisco, que está ao lado deles, que diz coisas autênticas que tocam o coração dos homens e das mulheres de hoje, quem sabe reconhecer o seu cansaço e as dificuldades da vida e oferecer uma palavra de amizade e de amor", completa o bispo.

terça-feira, 1 de julho de 2014

Olalla Oliveros: "A voz de Deus chamou-me para segui-lo"

A showgirl espanhola, impulsionada pela fé e pela graça de Cristo, decidiu deixar o mundo do show business para se dedicar à vida religiosa

 
"O Senhor não comete erros. Ele chamou-me para segui-Lo e eu não recusei." Isto é o que disse, durante uma entrevista, a famosa ex-modelo espanhola Olalla Oliveros, showgirl com uma carreira televisiva e teatral de sucesso.
 
Aos 36 anos, depois de uma peregrinação ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Portugal, começou nela um indefinível e inconsciente caminho espiritual que, depois de quatro anos, a levou a deixar o mundo do show business e se aproximar do Senhor.
 

A viagem fê-la perceber o quanto a felicidade que sempre procurou, de facto, não estava escondida numa vida de luxo, falsa beleza, festas e aparências, mas residia na oração e na fé. E esta foi uma descoberta que levou a show girl a fazer os seus votos e se tornar freira de clausura.
 
Com o chamamento e o seu crescimento, tornado público somente agora, graças a uma autorização dos seus superiores da Ordem de São Miguel Arcanjo de Vilariño, os olhos e o coração de Olalla  abriram-se fazendo parecer a sua beleza não mais material ou superficial, mas profunda e verdadeira, graças à bondade interior e à escolha de viver com e pelo Pai Eterno.
 
A sua história é a narração de uma vida que se transforma passando de um estilo egocêntrico para um estilo voltado para o próximo, gastando os seus dias a ajudar as pessoas com as suas orações. Foi uma profunda transformação, definida por ela mesma como um "terramoto interior", que a fez compreender que ser um modelo basicamente significa ser um ponto de referência, suporte de ideais e ensinamentos dignos de serem imitados, enquanto que trazem a verdade e a beleza de Cristo.
 
Olalla, com a sua vocação, decidiu tornar-se um exemplo contemplante fundado no desejo de tornar a sociedade de hoje num conjunto de pessoas melhores, que superam a hipocrisia da aparência e a busca da felicidade no sucesso e no dinheiro.
 
Diante de uma população que agora se alimenta de mentiras e enganos, a Irmã Oliveros quer ser um modelo destinado a promover "a verdadeira dignidade da mulher", como disse ao jornal El Tiempo em 2010. A força da fé, a busca da verdadeira beleza e a felicidade levaram-na a abandonar-se e a seguir o chamamento do Senhor fazendo-a mudar de vida.
 
Depois de anos de palco e fotografias, depois de entrevistas, tempos agitados, longos tapetes vermelhos e compromissos, a espiritualidade, a oração e o amor a Cristo permitiram que a mulher concentre a sua luz não mais numa beleza canónica e comercial mas sobre a verdadeira beleza interior.
 
Num momento histórico difícil e sujeito a constantes mudanças, Deus chama muitos homens, mulheres e jovens a segui-Lo, para que possam servir a sua Igreja Universal. No entanto, diante de temores, tentações e distrações, seguir a Sua voz e o Seu coração tornou-se um passo difícil e importante, assim como foi para Olalla Oliveros, mas também para outras celebridades do espetáculo como Claudia Koll.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Deus é assim: transforma-nos, perdoa-nos sempre

As palavras do Papa antes de recitar a oração mariana do Angelus
 
Cidade do Vaticano,
 
 

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Desde os tempos antigos, a Igreja de Roma celebra os apóstolos Pedro e Paulo em uma única festa no mesmo dia, 29 de junho. A fé em Jesus Cristo tornou-os irmãos e o martírio os fez se tornarem uma só coisa. São Pedro e São Paulo, tão diferentes entre eles no plano humano, foram escolhidos pessoalmente pelo Senhor Jesus e responderam ao chamado oferecendo toda as suas vidas. Em ambos a graça de Cristo realizou grandes coisas, transformou-os. E como os transformou! Simão havia renegado Jesus no momento dramático da paixão; Saulo havia perseguido duramente os cristãos. Mas ambos acolheram o amor de Deus e se deixaram transformar pela sua misericórdia; assim se tornaram amigos e apóstolos de Cristo. Por isso esses continuam a falar à Igreja e ainda hoje nos indicam o caminho da salvação. Também nós, hoje, se por acaso caíssemos nos pecados mais graves e na noite mais escura, Deus é sempre capaz de nos transformar, como transformou Pedro e Paulo; transformar o nosso coração e perdoar tudo, transformando assim a nossa escuridão do pecado em uma aurora de luz. Deus é assim: transforma-nos, perdoa-nos sempre, como fez com Pedro e como fez com Paulo.
O livro dos Atos dos Apóstolos mostra muitos traços de seus testemunhos. Pedro, por exemplo, ensina-nos a olhar para os pobres com olhar de fé e a doar a eles aquilo que temos de mais precioso: o poder do nome de Jesus. Fez isto com aquele paralítico: deu-lhe tudo aquilo que tinha, isso é, Jesus (cfr At 3, 4-6).
 
 
De Paulo, é contado por três vezes o episódio do chamado no caminho de Damasco, que marca a reviravolta de sua vida, marcando nitidamente um antes e um depois. Antes, Paulo era um férreo inimigo da Igreja. Depois, coloca toda a sua existência a serviço do Evangelho. Também para nós o encontro com a Palavra de Cristo é capaz de transformar completamente a nossa vida. Não é possível ouvir esta Palavra e continuar parado no mesmo lugar, ficar bloqueado nos próprios hábitos. Esta impulsiona-nos a vencer o egoísmo que temos no coração para seguir decididamente aquele Mestre que deu a sua vida por seus amigos. Mas é Ele que com a sua palavra muda-nos; é Ele que nos transforma; é Ele que nos perdoa tudo, se nós abrimos o coração e pedimos o perdão.
 
Queridos irmãos e irmãs, esta festa suscita em nós uma grande alegria, porque nos coloca diante da obra da misericórdia de Deus no coração de dois homens. É a obra da misericórdia de Deus nestes dois homens, que eram grandes pecadores. E Deus quer encher também nós com esta graça, como fez com Pedro e com Paulo. A Virgem Maria nos ajude a acolhê-la como eles com coração aberto, a não recebê-la em vão! E nos ajude no momento da provação, para dar testemunho de Jesus Cristo e do seu Evangelho. Peçamos isso em particular pelos arcebispos metropolitanos nomeados no último ano, que esta manhã celebraram comigo a Eucarística em São Pedro. Saudemos-lhes com afeto junto com os seus fiéis e familiares, e rezemos por eles!